sábado, 30 de dezembro de 2006

Avant!


“Before the Bullfight” (“Avant la corrida”) é uma obra do pintor Amadeo Souza-Cardoso (1887-1918) da qual não se sabia o paradeiro desde 1913, altura em que foi exposta e vendida numa exposição realizada em Nova Iorque. A exposição, “International Exhibition of Modern Art”, conhecida como “Armory Show”.

Recentemente esta obra foi localizada através da publicação de um anúncio no site do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Encontrava-se na posse de um coleccionador americano que desconhecia o autor da pintura, porém a sua qualidade chamou a atenção de uma sua amiga, historiadora, que através da assinatura, chegou ao site, onde se deparou com a fotografia da obra desaparecida.

Esta obra foi adquirida pela Fundação Gulbenkian e submetida a um intenso e cuidadoso restauro. Depois de 93 anos ocorridos desde a sua exibição pública, podemos vê-la na exposição “Diálogo de Vanguardas” até dia 14 de Janeiro no edifício sede da Gulbenkian.

Uma exposição sobre Amadeo Souza- Cardoso, – a maior de sempre -, e que reúne também criações de artistas seus contemporâneos com quem privou, num total de 260 obras. Sublinha, assim, o carácter “internacional”, colocando em diálogo umas obras com as outras.

Uma exposição, a não perder, que nos mostra um Amadeo sempre plural, dinâmico e dialogante com as audácias estéticas do seu tempo.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Na Continuação do espírito festivo...


"A economia do tempo é uma coisa boa, porque quanto mais tempo pouparmos, mais tempo poderemos perder"

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Que nos mostra?


Potenciais espectadores

Dominique Ingres, habitualmente considerado como um neo-classicista, em 1814 pinta a Vénus oriental, Odalisca,( palavra turca para designar escrava de harém). Odalisca, na sua estranha mistura de reserva e voluptuosidade, seduz, de forma encantatória, os olhares exteriores à sua realidade pictórica. Odalisca sabe que o seu corpo está em confronto connosco, não como uma visão directa e imediata, num espaço/tempo comum, mas através da própria intenção e experiência do pintor. Cabe, assim, aos espectadores testemunhar, segundo uma visão pessoal, a relação entre o pintor com aquela mulher.

Na forma artística do nu europeu, como conta John Berger, os pintores e os espectadores-proprietários eram normalmente homens, voyers, sendo as mulheres, na generalidade, tratadas como objectos. Esta concepção, infelizmente, parece, ainda hoje, perdurar na nossa cultura, afectando de forma estruturante a consciência colectiva. Reconheça-se o que acontece na publicidade, no jornalismo, na televisão, etc. Em que, de facto, as atitudes e os valores dessa concepção tradicional persistem a demorarem-se, continuando-se a pressupor que o espectador “ideal” é masculino e a imagem da mulher se destina a lisonjeá-lo.

Contudo na arte moderna a categoria do nu, segundo o mesmo autor, passou a assumir uma menor importância, e os próprios artistas a têm vindo a pôr em causa. Veja-se a denúncia feita pelo grupo Guerrilla Girls.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Pensamento do dia

"The secret of live is in art"

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

"Odalisca"


Curtas

Em 1989 um grupo de mulheres, usando máscaras faciais de gorilas e sob anonimato, como forma de proteger as suas carreiras profissionais individuais, “apropriaram-se” da obra Odalisca, do pintor neoclássico Ingres, para sensibilizar o facto de 85% das obras do Museu apresentarem mulheres nuas, e menos de 5% dos artistas com obras na secção de Arte Moderna são mulheres.

“Será que as mulheres precisam estar nuas para poderem entrar no Museu Metropolitan ?”

Esta pergunta foi impressa em cartões postais, posters e outdoors, distribuídos por um grupo de mulheres auto-denominado Guerrilla Girls.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

A humorística presença de um morango

Acomoda-se a um canto. No meio da alcatifa encarnada estão quatro a cinco miúdas, umas a fingir que são violinos desfragmentados, outras a fingir que são bonecas de trapos. Entre essas miúdas, pouco domésticas, está a irmã mais nova de Sofia. Há meses que andam nisto, a dividir a escola, os testes, o estudo de matemática, a costura, a música e ainda os desportos, mas olhando para elas não são os sinais de cansaço que sobressaem. Pelo contrário, parece-lhes indiferente esta necessidade de saltitar entre compromissos. As mais novinhas têm tempo para fazer umas acrobacias no chão, fofinho, dar umas cambalhotas, fazer o pino ou experimentar novas cordas, de nylon e de aço, para os seus violinos.
Finalmente, em meados de Julho, por ordem do reino da Plantaae, despontaram as primeiras flores do morangueiro. Sabe-se, como lhes dizia Margarida Viella (assistente de encenação), que a planta do morangueiro é muito delicada e que exige canteiros muito bem preparados, visto que a maior parte das raízes concentra-se na camada superficial do leito de plantio.
Após mais alguns dias de dedicação em exclusivo, que roubaram as férias de Verão, o primeiro morango maduro pôde ser e foi comido.
Apesar da dificuldade em ultrapassar os nervos, o morango é uma fruta que contém grande quantidade de vitamina C, que evita a fragilidade dos ossos, má formação dos dentes, dá resistência aos tecidos, age contra infecções, ajuda a cicatrizar ferimentos, evita hemorragias, etc.

Pensamento do dia

A arte não é verdade. Arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade,pelo menos a verdade que nos oferecem para compreender. O artista tem de saber como convencer os outros da verdade que existe nas suas mentiras.

domingo, 17 de dezembro de 2006

O Invisível...


Bab' Aziz : Deserto, Mitologia e Música

Vejam este filme, que vale a pena! É uma longa e lindíssima viagem pelo deserto, acompanhada por uma excelente banda sonora, com paragens na mitologia iraniana e tunisina, que nos dá uma muito humana e doce visão do mundo árabe. Irão (Bam), Tunísia e Espanha (Córdova), lugares de rodagem, oferecem cenários de um mar imenso e de cidades mágicas. Ishtar acompanha o seu avô, Bab' Aziz, ao grande encontro derviche. Ninguém sabe em que sítio do deserto se realiza e só o encontra quem ouve com o coração o silêncio do deserto...

O Mistério Dos "Galgos"

Em 1911 Amadeo de Souza Cardoso, em Paris, pintou a obra "Os Galgos". Aquilo que nos parece ser uma obra acabada, visível, revelou ser, através do seu visionamento sob diferentes condições de observação e de diferentes tipos de luz, uma obra com outras visibilidades. Curiosamente esta obra dá-se, efectivamente, numa relação “visível-invisível”. Em que na aparência do ser, como diz Merleau-Ponty, o mundo tem a propriedade de ser visível por ser também invisível. Onde a visão aparece como eixo orientador da reflexão e do dizer o mundo a partir do olhar.
No quadro "Os Galgos" foi possível observar o "mundo" recorrendo-se à técnica de iluminação rasante a fim de se revelar o invisível. Deste modo, emerge da tela o invisível, revelado por camadas ocultas de cores "invisíveis", podendo-se assim penetrar noutras "visibilidades-invisíveis", até então, invisíveis. Estas camadas ocultas revelaram a existência de um segundo motivo distinto e subjacente ao primeiro, na forma de uma mulher sentada. Além desta invisibilidade uma outra é tornada visível. Através de uma luz mais energética, do tipo raio X, a existência de um terceiro motivo é desvendado, representando uma carroça e cavalos.